Vale ressaltar que a emigrante Irene conta com com quatro livros publicados no Canadá, e o lusodescendente Quiroga, com 26 títulos lançados no Brasil.
A cerimônia decorreu em Oliveira de Azeméis, município de onde é natural José Ferreira de Castro (1898-1974), e evocou o autor que, com romances como “A Selva” e “Os Emigrantes”, foi durante décadas o escritor português mais traduzido, como realçou Carlos Reis, presidente do júri que avaliou as quase 70 obras inéditas apresentadas a concurso por autores lusófonos de 15 países.
O ensaísta e professor admitiu que a primeira edição do prêmio instituído pela Imprensa Nacional Casa da Moeda em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros revelou vários outros talentos literários, mas realçou que os trabalhos de Irene Marques e Marcus Vinicius Quiroga se destacaram ao demonstrar qualidade de escrita e também adequação ao gosto do júri.
Em todo o caso, Carlos Reis enalteceu o romance “Uma Casa no Mundo”, de Irene Marques, pela “solidez de construção” de um relato sobre identidade e memória no contexto da Guerra Colonial, e elogiou o conjunto de poemas reunido em “Não Viajarei por Nenhuma Espanha”, de Marcus Vinicius Quiroga, pela sensibilidade expressa na “unidade temática e estilística” da sua abordagem à cultura ibérica.
Irene Marques agradeceu o prêmio e disse que a sua opção pela carreira literária pode ser explicada com uma frase da autoria do próprio Ferreira de Castro: Eu tinha pão, mas queria mais. “A literatura oferece-me algo que a vida real não oferece. Expande a minha vida, permite-me viver vidas que não experimentaria de outra forma”.
Marcus Vinicius Quiroga, por sua vez, dedicou (postumamente) o prêmio aos seus avós portugueses, que, oriundos de Viana do Castelo e Vila Real, se conheceram no Brasil e lhe despertaram um interesse duradouro pela cultura e literatura lusas.
Fonte: observador.pt