Paulo Markun apresentou a série Cá e Lá na TV Cultura em 2010, aqui ao lado do jornalista português Carlos Fino, e o então cônsul de Portugal em SP. Arquivo. Formado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, com passagem pelos principais veículos de imprensa do Brasil e ex-presidente da Fundação Padre Anchieta (responsável pela TV Cultura, onde o jornalista também apresentou o programa de entrevistas Roda Viva), Markun há quase quatro anos cruzou o Mar Oceano e se instalou em Lisboa.
O programa agora criado reúne entrevistas com brasileiros que também foram para o outro lado do Atlântico, comentários sobre aspectos culturais portugueses e dicas econômicas. Tudo em um formato que é uma novidade, mesmo para um jornalista com cerca de 50 anos de profissão.
“É um brinquedo novo, que recria o rádio. Ainda estou tateando nele, aprendendo a linguagem. Preferi não enveredar pelo YouTube, como alguns colegas fizeram, até por razões técnicas. Mas estou me divertindo”, afirma Markun a respeito do programa quinzenal que estreou no dia 6 de abril e que já tem os seis episódios da primeira temporada gravados. Cada episódio tem cerca de 20 minutos.
“A ideia é abrir espaço para brasileiros que estão vivendo em Portugal, conhecidos ou não. São empreendedores, professores, estudantes. Quero apresentar esse caldo de cultura que une Portugal e Brasil”, conta o jornalista – hoje, há cerca de 150 mil brasileiros morando oficialmente em Portugal, a maior comunidade estrangeira do país.
No primeiro programa, por exemplo, ele entrevistou o escritor Lira Neto, autor de uma comemorada e premiada biografia de Getúlio Vargas e que se mudou para a cidade do Porto, no norte de Portugal, para escrever o recém-lançado Arrancados da Terra, sobre os judeus que fugiram da Península Ibérica e, depois de se refugiarem no Nordeste brasileiro e serem também expulsos, fundaram a cidade que viria a ser Nova York. Nos seguintes, há conversas com a atriz Luana Piovani e o músico Yamandu Costa, por exemplo.
“Além disso, tenho procurado achar curiosidades que possam interessar ao ouvinte, mesmo as mais óbvias. Temos uma visão muito limitada de Portugal e há muitas histórias a serem contadas e com as quais não estamos acostumados. A intenção é criar um vínculo”, conta Markun.
Se Calhar é uma expressão “bem portuguesa, que significa uma possibilidade sobre a qual não há garantia de que vá acontecer. Se der, deu. É algo bem diferente do ‘jeitinho brasileiro’”, explica Markun. “E essa é uma das coisas importantes a se levar em consideração quando se vem para Portugal: obedecer determinadas regras socioculturais, como a questão de o português ser literal quando fala e também ser, ao mesmo tempo, conservador e civilizado”, lembra ele.
“Há um certo receio dos portugueses com os brasileiros por, na visão deles, nós não respeitarmos regras. Não diria que é exatamente um preconceito. Mas viver em Portugal me fez reaprender coisas com a civilidade daqui, como dar ‘bom dia’ às pessoas, coisa que às vezes esquecemos”, confessa em entrevista ao Jornal USP.
A série de podcasts Se Calhar, do jornalista Paulo Markun, está disponível nos principais agregadores de podcast.
Fonte: Câmara Portuguesa