Na ocasião, foi assinado o Acordo sobre a Mobilidade entre os estados membros da CPLP. Uma vez em vigor, o instrumento facilitará a circulação de cidadãos entre os países da Comunidade, permitindo o adensamento progressivo da mobilidade no espaço da CPLP, que abrange 270 milhões de pessoas.
Os líderes realçaram a importância da mobilidade em setores como o turismo, a cultura, a educação, a ciência e inovação e na área econômico-empresarial, e do seu papel para o desenvolvimento sustentável dos Estados-membros. Os debates estiveram centrados na necessidade de aumentar os fluxos econômico-comerciais entre os estados membros da Comunidade, cuja corrente de comércio se situa na ordem de USD 13 bilhões. Em conjunto, os países da CPLP são o quarto maior produtor mundial de petróleo e a décima economia mundial.
A proposta de acordo sobre mobilidade estabelece um quadro de cooperação entre todos os Estados-membros de uma forma flexível e variável e, na prática, abrange qualquer cidadão. Neste contexto, têm a liberdade na escolha das modalidades de mobilidade, das categorias de pessoas abrangidas, bem como dos países da comunidade com os quais pretendam estabelecer as parcerias, segundo a proposta a que a Lusa teve acesso. A proposta também define que a mobilidade CPLP abrange os titulares de passaportes diplomáticos, oficiais, especiais e de serviço, bem como os de passaportes ordinários.
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a cimeira de Luanda ultrapassou todas as expectativas em matéria de resultados e que Portugal “sai muito feliz” com os novos progressos. Portugal pretende que o novo acordo esteja ratificado até setembro. O chefe de Estado português manifestou-se convicto “num novo ciclo de arranque político-diplomático na CPLP”, também abrangendo os domínios da língua e da cultura e no alargamento da própria comunidade – aqui numa alusão à entrada de Timor-Leste após ter conseguido a sua independência ao libertar-se da ocupação por parte da Indonésia.
Por sua vez, o Vice-Presidente do Brasil, Hamilton Mourão, chefiou a delegação brasileira no evento, que foi integrada pelo Ministro das Relações Exteriores, Carlos França, pelo Secretário de Assuntos Estratégicos, Almirante Flavio Rocha e pelo Presidente da APEX, Augusto Pestana, e outros.
Fundada em 1996 com base no idioma comum, a CPLP conta hoje com nove estados membros: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O Brasil é o maior país da CPLP em termos de população, território e PIB. Em 2020, as exportações do Brasil para os países da Comunidade atingiram o patamar de USD 2 bilhões.
Segundo o governo, o Brasil teve “papel de relevo na idealização e fundação” e lidera implementação de ações de cooperação em prol do desenvolvimento dos estados membros, em diferentes áreas como saúde, recursos hídricos, ensino superior e promoção do idioma.
Fonte: Mundo Lusíada