Camões teria nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família de origem galega que se fixou primeiro no Norte (Chaves) e depois irradiou para Coimbra e Lisboa. Foi seu pai Simão Vaz de Camões e mãe Ana de Sá e Macedo. Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama. Entre 1542 e 1545, vive em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. João III, conquistando fama de poeta, e feitio altivo.
Viveu algum tempo em Coimbra onde teria frequentado o curso de Humanidades, talvez no Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha um tio padre D. Bento de Camões. Não há registros da passagem do poeta por Coimbra. Em todo o caso, a cultura refinada dos seus escritos torna a única universidade de Portugal do tempo como o lugar mais provável de seus estudos. Ligado à casa do Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, e talvez preceptor do filho D. António, segue para Ceuta em 1549 e por lá fica até 1551. Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia “Aquela que de amor descomedido”. Num cerco, teve um dos olhos vazados por uma seta pela “fúria rara de Marte”. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate.
Os Lusíadas é considerada a principal epopeia da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. As realizações de Portugal desde o Infante D. Henrique até à união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na História, marcando a transição da Idade Média para a Época Moderna. A epopeia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopeia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências de uma visão heróica.
É fácil reconhecer na obra poética de Camões dois estilos não só diferentes, mas talvez até opostos: um, o estilo das redondilhas e de alguns sonetos, na tradição do Cancioneiro Geral; outro, o estilo de inspiração latina ou italiana de muitos outros sonetos e das composições em decassílabas maiores. Chamaremos aqui ao primeiro o estilo engenhoso, ao segundo o estilo clássico. O estilo engenhoso, tal como já aparece no Cancioneiro Geral, manifesta-se sobretudo nas composições constituídas por mote e voltas. O poeta tinha que desenvolver um mote dado, e era na interpretação das palavras desse mote que revelava a sua sutileza e imaginação, exatamente como os pregadores medievais o faziam ao desenvolver a frase bíblica que servia de tema ao sermão.
No desenvolvimento do mote havia uma preocupação de pseudorrigor verbal, de exatidão vocabular, de modo que os engenhosos paradoxos e os entendimentos fantasistas das palavras parecessem sair de uma espécie de operação lógica. As obras dele foram divididas em líricas e amorosas. Um exemplo das obras líricas foi Os Lusíadas, dividido em 10 cantos, exalta a conquista de Portugal na rota das índias.
Faleceu numa casa de Santana, em Lisboa, em 10 de maio de 1580, sendo enterrado numa campa rasa numa das igrejas das proximidades. Os seus restos encontram-se atualmente no Mosteiro dos Jerônimos.
Suas obras:
• 1572- Os Lusíadas (texto completo)
Lírica
• 1595 – Amor é fogo que arde sem se ver
• 1595 – Eu cantarei o amor tão docemente
• 1595 – Verdes são os campos
• 1595 – Que me quereis, perpétuas saudades?
• 1595 – Sobolos rios que vão
• 1595 – Transforma-se o amador na cousa amada
• 1595 – Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
• 1595 – Quem diz que Amor é falso ou enganoso
• 1595 – Sete anos de pastor Jacob servia
• 1595 – Alma minha gentil, que te partiste
Teatro
• 1587 – El-Rei Seleuco
• 1587 – Auto de Filodemo
• 1587 – Anfitriões
Eis o Canto I, dos Lusíadas
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram. (…)
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte