O filme, produzido por Rodrigo Areias, de Bando à Parte, foi rodado no verão de 2020, em plena pandemia da covid-19, com o elenco e uma equipe técnica quase em confinamento, num armazém da antiga Fábrica do Rio Vizela, em Vila das Aves, no concelho de Santo Tirso.
Foi lá que o diretor de cinema Edgar Pêra imaginou a mente de Fernando Pessoa como a redação de uma revista, ou como um escritório – o poeta foi ele próprio empregado de escritório -, no qual trabalham todos os seus heterônimos, produzindo novos textos em simultâneo, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Barão de Teive.
Este filme que é uma ideia de Edgar Pêra, conta com Luísa Costa Gomes no trabalho de escrita de argumento, mas 90% do texto dos atores é da autoria de Fernando Pessoa. Com Miguel Borges no papel de Fernando Pessoa, o elenco inclui ainda Albano Jerônimo, Vítor Correia, Miguel Nunes, Paulo Pires, Antônio Durães e Victoria Guerra.
Edgar Pêra, que em 2019 teve uma retrospectiva do seu cinema no festival de Roterdã, sublinhou neste filme uma maior ligação pessoal, porque a obra de Fernando Pessoa lhe é muito presente.
“Este é de longe o projeto em que eu mais me projetei, passe o pleonasmo, porque há questões que são fundamentais. […] O Pessoa tem a capacidade de tocar muitas pessoas, porque ele abarcava muitos pontos de vista. Quem ler as cartas dele a Ofélia, a questão fundamental dele tem a ver com dinheiro, trabalho e amor”, explicou à Lusa o realizador, aquando da estreia em Roterdã.
Fonte: Notícias ao Minuto