Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, no dia 19 de Maio de 1890 e os primeiros anos de sua vida são marcados pela dor causada pela morte da mãe, quando ele tinha apenas dois anos. Em 1911 matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra e, no ano seguinte, transfere-se para Universidade de Paris para dar continuidade ao curso de Direito, que não conseguiu concluir. Ainda em 1912 publica a peça teatral “Amizade” e o volume de novelas “Princípio”. Nessa época, começa a corresponder-se com Fernando Pessoa. Nessa correspondência já é refletido o agravamento dos seus problemas emocionais e as idéias de morte e suicídio. Em 1914, além de publicar as obras “Dispersão” e “A confissão de Lúcio”, Sá Carneiro intensifica sua correspondência com Fernando Pessoa, a quem envia seus poemas e projetos de obras, revelando crescentes sinais de pessimismo e desespero.
Em 1915, como integrante do grupo modernista em Portugal, participa do lançamento da revista “Orpheu”. No segundo volume dessa revista publica o poema futurista “Manucure”, que, ao lado do poema “Ode triunfal” de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), provocam impacto e polêmicas nos meios literários. Ainda em 1915 regressa a Paris, onde passa por constantes crises de depressões, que são agravadas por causa das suas dificuldades financeiras. Em 1916, em uma carta a Fernando Pessoa, anuncia sua intenção de suicídio, o que efetivamente ocorre em abril de 19116, num quarto do Hotel Nice, em Paris.
A obra de Mário Sá-Carneiro está intimamente relacionada a sua vivência pessoal, ou seja, revela toda a sua inadaptação ao mundo e a constante busca do seu próprio eu. Isso faz com que o poeta mergulhe no seu mundo interior e, diferente de Fernando Pessoa, que se desdobrou em heterônimos, atinja a autodestruição. Para o bom entendimento da obra de Mário de Sá Carneiro é necessária a análise das “Cartas a Fernando Pessoa”, publicadas postumamente. Eis suas principais obras, algumas póstumas:
Em 31 de março de 1916, Mário de Sá-Carneiro escrevia a Fernando Pessoa: “Não me perdi por ninguém: perdi-me por mim, mas fiel aos meus versos”.