O prêmio, organizado anualmente no Brasil, distingue obras escritas em língua portuguesa, publicadas em qualquer país do mundo. A premiação é de R$ 300 mil, divididos entre os vencedores – R$ 150 mil para cada livro.
Nuno Júdice, que morreu em Lisboa, aos 74 anos, em março, dizia que o mais relevante na sua poesia é a imagem, a possibilidade de ver e dar a ver, “o que fica nas palavras daquilo que se viveu”. Seu último livro, Uma colheita de silêncios, expressa a melancolia frente à passagem do tempo e a ternura em relação àquilo que é indelével: a memória. O poeta morreu este ano, após o livro ter sido inscrito no Oceanos e distribuído entre os jurados que tinham a missão de avaliá-lo. Assim, por regulamento, o livro continuou a concorrer. Júdice é um dos poetas portugueses com maior reconhecimento internacional.
Caminhando com os mortos é o segundo livro do projeto que a autora Micheliny denomina Tetralogia do mato – o primeiro é O som do rugido da onça, que ficou em terceiro lugar do Prêmio Oceanos em 2022. O romance trata das consequências do fundamentalismo religioso, que envolvem preconceito, violência e misoginia, ao mesmo tempo em que vê no “mato” uma fresta de esperança.
Com direção artística de Romulo Fróes e direção executiva de Ana Cunha e Marise Hansen, a cerimônia foi aberta pelo superintendente do Itaú Cultural, Jader Rosa, e conduzido por Selma Caetano, coordenadora do prêmio e diretora da Oceanos Cultura, e pelo curador no Brasil, Manuel da Costa Pinto.
O evento homenageou os 10 autores finalistas desta edição que, segundo Costa Pinto, podem ser considerados vencedores, uma vez que foram selecionados entre quase três mil livros concorrentes, passaram por três difíceis etapas classificatórias, vencendo uma árdua batalha até chegar à lista de finalistas.
A festa contou com representantes de instituições ligadas à leitura, ao livro e à literatura, como o Instituto Camões, a SP Leituras, a Biblioteca Mário de Andrade, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, a organização social Poiesis, o Museu da Língua Portuguesa, o IMS – Instituto Moreira Salles, a CBL (Câmara Brasileira do Livro), a UBE (União Brasileira de Escritores).
A curadoria do Prêmio Oceanos é de Matilde Santos, de Cabo Verde, João Fenhane, de Moçambique, Isabel Lucas, de Portugal, e Manuel da Costa Pinto, do Brasil, com coordenação geral de Selma Caetano.
A cada ano, o Oceanos vem recebendo mais inscrições, e de maior número de diferentes países. Ano a ano, novos recordes de inscrição são batidos tanto no Brasil, quanto em Portugal e nos países africanos, em especial Moçambique e Cabo-Verde, o que mostra não só a importância crescente do prêmio no calendário cultural internacional, como também o vigor literário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Fonte: Publishnews