“Todo homem tem deveres com a comunidade”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Opinião
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De início, sou português, nascido em 8 de dezembro de 1959, na aldeia de Creado, freguesia de Casal de Cinza, na Guarda. Depois de me envolver, quando na universidade, nos movimentos pela democratização do Brasil, solicitei a minha igualdade de direitos com o objetivo principal de obter o meu direito de votar e poder colaborar com os destinos da Pátria que acolheu a mim, a minha família, e muitos portugueses.
Sou português de nascença e brasileiro por opção.

Como filho de comerciantes, acompanhei meus pais em todas suas deslocações nos diferentes comércios que adquiriram, tendo residido em vários locais da Grande São Paulo, e fixado residência, há mais de 30 anos, no Butantã, zona Oeste de São Paulo.

Cursei o ensino fundamental em escolas públicas, e tenho o privilégio de ter cursado administração de empresas na Faculdade de Economia e Administração, e posteriormente direito na Faculdade de Direito, ambas na Universidade de São Paulo. Hoje atuo como advogado, aplicando, quando necessário, também os conhecimentos de administração.

Na minha infância aprendi a brincar no comércio, ajudando os meus pais, no que era possível uma criança ajudar. Aprendi a contar, antes de aprender a ler, pois ajudava no caixa. Aprendi a respeitar as pessoas de diferentes origens, etnias, gênero, idades. Sempre era lembrado que todos devem ser bem tratados.

Retornei a Portugal em 1982 e, além de acrescer um novo sentido às palavras família e amizade, pude ter uma noção mais clara de quanto sacrifício e desprendimento os meus pais, e os pais de muitos que irá ler este texto, tiveram para deixar seu lar e sua terra e buscarem um futuro mais confortável para seus filhos.

Com esse breve histórico, quis passar, em breves palavras, os princípios que nortearam a minha educação e a minha formação.

Jorge Manuel Marques Gonçalves
Presidente da Associação Portuguesa de Desportos

Primeiro, todos os homens são iguais, merecendo tratamento respeitoso. O equilíbrio na relação entre os homens é determinante para um convívio harmônico. Sem grandes teorias, no dia a dia no comércio, os meus pais me ensinaram isso.

Segundo, mesmo tendo que ajudar meus pais no comércio, a minha única obrigação era estudar. Aprendi que a educação, o conhecimento, é responsável pela nossa transformação.

Terceiro, todo trabalho é digno, faça o melhor que puder em qualquer atividade que exerça.

Quarto, a família é o nosso porto seguro, é para lá que voltamos todos os dias, depois das nossas batalhas. É lá que construímos nossas melhores relações, que reorganizamos nossas ideias e ideais, é lá que preparamos o nosso futuro, sem esquecer do nosso passado.

Quinto, determinação, persistência, resiliência, e outros tantos traços de caráter foram sendo passados pelos meus pais com seus exemplos, mais do que com suas palavras. Portanto, estar presente, acompanhar com sincero interesse o que ocorre com nossos filhos e familiares é uma forma de passar nossos princípios.

O Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, através de seus membros e das suas ações, reforça esses princípios de respeito à igualdade, às diferentes origens, ao trabalho, à educação e às entidades da nossa comunidade.

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Somos privilegiados pela herança lusitana e também por podermos contar com o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que é o órgão que congrega nossa cultura viva em solo paulista. Pelo Conselho a história não se perde, porque uma das diretrizes da entidade é preservar e valorizar nossos usos e costumes que mantêm a tradição de nossa gente sempre presente nos festivais, no folclore, na música e na gastronomia. A ação do Conselho é defender um legado histórico e cultural inestimável.

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