Álvaro Alves de Faria nasceu na cidade de São Paulo em 9 de fevereiro de 1942.
É jornalista, poeta e escritor. Tem formação em Sociologia e Política. Mestrado em Comunicação Social. Recebeu os mais importantes prêmios literários do país. Destaque-se o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Prefeitura Municipal de São Paulo para Poesia e o Pen Clube Internacional de São Paulo, em 1973, para o livro “4 Cantos de Pavor e alguns Poemas desesperados”.
Por duas vezes recebeu o Prêmio Jabuti de Imprensa, da Câmara Brasileira do Livro, em 1976 e 1983, por sua atuação em favor do Livro no jornalismo cultural. Por esse mesmo motivo, também foi distinguido por três vezes com o Prêmio Especial da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1981, 1988 e 1989.
Esse trabalho em favor do livro vem sendo desenvolvido desde que começou no jornalismo, com menos de 20 anos. Escreve para jornais e revistas, além de comentar livros na Rede Jovem Pan-SAT, da Rádio Jovem Pan de São Paulo – onde é editorialista – trabalho que também realizou, por vários anos, na TV Cultura de São Paulo.
Outro prêmio importante na vida do poeta foi o Anchieta para Teatro, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, um dos mais importantes nos anos 70, com a peça “Salve-se quem puder que o jardim está pegando fogo”.
Seu livro “Trajetória poética – Poesia Reunida” recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 2003, como o melhor livro de poesia do ano e foi, também, finalista do Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.
Seu primeiro poema foi escrito aos 11 anos de idade e o primeiro livro, “Noturno maior”, aos 16. Nos últimos anos tem publicado livros especialmente em Portugal. Tem poemas traduzidos para o inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, servo-croata e japonês.
Seu livro “O sermão do Viaduto” iniciou o movimento de recitais públicos de poesia na cidade de São Paulo, quando foi lançado em pleno Viaduto do Chá, em abril 1965. Nesse local, fez nove recitais de poesia, com microfone e quatro alto-falantes, lendo os poemas desse livro. Por esse motivo foi preso cinco vezes pelo Dops, acusado de subversivo. Os recitais de O Sermão do Viaduto foram proibidos em agosto de 1966.
Da Geração 60 de poetas de São Paulo, é talvez o único que partiu para outros gêneros literários, tendo publicado ao longo dos anos livros de poemas, crônicas, contos, novelas, romances, ensaios literários , livros de entrevistas e também escrito peças de teatro.
Minha relação com Portugal vem desde criança, porque sou filho de pais portugueses, minha mãe de Anadia e meu pai de Angola. Significa que passei a infância ouvindo programas portugueses no rádio de minha casa. Sem conhecer Portugal, na adolescência, cheguei a escrever poemas sobre o país. Mas essa relação literária e principalmente espiritual se acentuou quando fui representar o Brasil, em 1998, no Terceiro Encontro Internacional de Poetas, na Universidade de Coimbra. Daí em diante descobri minha verdadeira identidade como gente e como poeta. Passei a publicar livros de poemas em Portugal e a ser convidado para eventos culturais. O primeiro livro escrito com a linguagem da poesia portuguesa foi “20 poemas quase líricos e algumas canções para Coimbra”, publicado em Portugal em 1999. Foram ao todo, até agora, oito livros. Passei, então, a me chamar de poeta português e tornei isso público em algumas entrevistas que podem ser vistas no meu site (www.alvaroalvesdefaria.com), criando muita polêmica. Mas sou mesmo, hoje, um poeta português, porque fui a Portugal buscar a poesia que me falta no Brasil, onde tudo, infelizmente, está sendo medido por baixo por um jornalismo cultural inconsequente, que gosta de enaltecer mediocridades.
Em Portugal conheci a verdadeira dimensão da poesia. Está lá toda minha antecedência. Estão lá todas as minhas palavras. Minha ligação com Portugal, hoje, é de um filho que sempre retorna à casa. Viajo sempre para Portugal, especialmente para lançar livros e fazer leituras de poemas. Tudo que existe em Portugal me comove como pessoa e como poeta. Aquela raiz profunda de minha vida, lá plantada com a força da existência.
Neste ano vou reunir os oito livros publicados em Portugal, num único volume que terá o título “Alma Gentil: Raízes”, a ser lançado pela Editora Escrituras, de São Paulo. Esse livro representa um documento de minha vida como poeta que foi a Portugal buscar a poesia ainda possível num mundo destruído. Como tudo isso, quero dizer que minha ligação com Portugal foge unicamente à literatura. Vai muito além. Toda minha família, por parte de minha mãe, que hoje tem 95 anos, vive em Anadia, outra parte em Póvoa do Varzim e outra no Porto. Essa abertura pela descoberta de Portugal em minha vida devo à professora doutora Graça Capinha, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que sempre faz a apresentação de meus livros lá.
Quando eu tinha 13 anos de idade, numa viagem que minha mãe fez a Portugal, ao regressar ela me trouxe um pôster de Florbela Espanca, com o soneto “Amar!”. Eu tinha escrito meu primeiro poema com 11 anos de idade. Nem minha mãe nunca soube me dizer porque me trouxe o retrato de Florbela. Mas isso não precisa ser explicado. Há coisas que não se explicam. Numa homenagem que recebi há algum tempo do Elos Clube – Elos Internacional, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, fiz um pequeno discurso de agradecimento, no qual disse: “É bom saber que existe no mundo um país chamado Portugal”. É assim que penso, é assim que sinto. Quando morreu a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, eu estava em Lisboa. Vi a notícia na televisão. Passei, então, a escrever um poema para ela. Escrevi o dia inteiro, em todo lugar que estive. Na verdade, escrevi num único dia o “Livro de Sophia”, publicado em Portugal em 2008. A quarta-capa foi assinada pelo poeta Affonso de Romano Sant´Anna. Ele escreveu: “Álvaro Alves de Faria, pelo seu lirismo, talvez seja o mais português dos poetas brasileiros”. Eu tenho orgulho disso.