“Todo homem tem deveres com a comunidade”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Opinião
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OPINIÃO

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Bacharel em Ciências Contábeis – Faculdades Integradas Campos Salles
Iniciativa Privada

1978/1980 – Anderson Clayton S/A
1980/1987 – Unilever
1987/1988 – Industrias Químicas Lecien
1988/1996 – Banespa S/A – Serviços Técnicos E Administrativos

ESTADO

  • Assessor Técnico de Gabinete – 1996/2007
  • Assistente Técnico do Coordenador de Administração Financeira, da Secretaria da Fazenda – 2007/2016
  • Conselheiro Fiscal da Dersa – 2008/2015
  • Conselheiro Fiscal do FED – para o biênio 2015/2017
  • Outros Conselhos Fiscais – CESP, FEPASA, METRO, CETESB e ELEKTRO
  • Representante da Secretaria da Fazenda do Estado nos seguintes Conselhos: Conselho Estadual de Recursos Hídricos e SOCOFEHIDRO, FUMEFI, Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Sorocaba, Conselho do de Orientação e Controle do Fundo de Melhoria das Estâncias.
  • Participação nos trabalhos de elaboração da revisão na legislação do turismo do Estado, alteração do artigo 146 da Constituição do Estado e da Lei Complementar 1261/2015; integro a atual equipe que começou os trabalhos para a regulamentação da citada Lei, como do Decreto que irá definir a reavaliação e ranqueamento, das Estâncias e Municípios de Interesse Turístico – MIT, a cada três anos.
  • Palestrante da UVESP, na divulgação dos impactos financeiros, que a nova legislação trará aos Municípios que forem agraciados com a titulação de MIT.
Antônio Vaz Serralha
Coordenação de Administração da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo

Nasci em 13 de março de 1958, no Bairro da Lapa, que abrigava uma quantidade de indústrias, de múltiplas atividades, que hoje daria inveja à qualquer Município do nosso Estado de São Paulo. Cito algumas para ilustrar meu relato: KLABIN, FIAT LUX, FRIGORÍFICO ARMOUR, REFINAÇÕES DE MILHO BRASIL, COMPANHIA MELHORAMENTOS, MAFERSA, ANDERSON CLAYTON, GESSY LEVER e muitas outras que apenas tinham depósitos na região, como a SADIA. Todas estas empresas abrigaram imigrantes vindos, na sua maior parte, fugidos da guerra na Europa, principalmente portugueses, que formaram uma corrente virtuosa, abrindo as portas e garantindo empregos, hospedagem e moradia, àqueles que ficaram em Portugal.

Sou da primeira geração nascida aqui, cresci e fui criado no meio de portugueses, aprendendo hábitos e costumes, alimentado a moda lusitana, ouvindo histórias de luta, superação e de vitórias. Sim, vitórias, não é possível que se tenha outro termo para definir a aventura de se deixar a casa, a família, a pátria, os amigos e todas as raízes, para embarcar em viagens de mais de 30 dias, em embarcações precárias e com poucas condições de higiene e conforto, para arriscar a vida em um outro continente, um novo País, apenas como zona de conforto, o mesmo idioma.

Assim foram as viagens de José David, meu avô materno, e de Antonio Rodrigues Serralha, meu avô paterno, juntamente com outros bravos portugueses, que vieram “fazer a vida” no Brasil, buscar trabalho, manter as famílias alimentadas que por lá ficaram e trazer a todos que pudessem para cá, como não reconhecer nisto uma vitória?

Não conheci meu avô paterno, o que trago dentro de mim são as histórias que meu falecido pai, Manoel Rodrigues Serralha, juntamente com minha falecida avó e sua mãe, Virginia Beja Serralha, contavam e me deixavam intrigados: como conseguiram fazer tudo isto? Sair de um País distante, chegar com a roupa do corpo e a trazida na mala, conseguir trabalho, ganhar o seu dinheiro, comprar imóveis e trazer as famílias para cá?

A resposta hoje é clara e fácil: determinação de um lado, do povo português, hospitalidade do lado de cá, do povo brasileiro. Fui criado com bons valores, tive exemplos de comprometimento, família, do que é certo e justo, do que não se deve fazer, do valor da palavra e do compromisso, este conjunto de qualidades é que me moldaram, todos ensinados em berço e seio português.

Fui de uma felicidade sem igual e ainda sou, graças à memória da minha mãe, Izilda Vaz Serralha, ainda viva, e que me mantém e reforça, a cada almoço e encontro, todos estes ensinamentos. A felicidade veio de poder ter tido a oportunidade de conviver, por muito tempo, com um avô ferreiro de ofício e vindo da região de Trás os Montes, mostrar toda sua garra e habilidade nas oficinas da antiga CMTC e LIGHT, que me ensinou a malhar o ferro em brasa, sempre com um bom gole de vinho e um pedaço de paleta, que ele mesmo defumava na forja que tinha nos fundos da casa dele.

A mesma forja, defumou muitas linguiças e alheiras, que foram saboreadas com recheados folares, filhoses e rabanadas, que compõem as doces e saborosas lembranças da minha infância.

Hoje, 57 anos passados, toda esta gama de ensinamentos é utilizada no meu trabalho, como de muitos outros descendentes de portugueses, como eu, e em outras atividades profissionais, de forma a manter viva a importante harmonia entre Brasil e Portugal, portugueses e brasileiros, como a que nasceu entre os anos 40 e 50, quando da chegada de muitos lusitanos, forçosamente, fugidos da guerra bem recebidos aqui, para ajudar a crescer nosso País.

Mesmo com todo esta harmonia e entendimento, a questão de preservar os hábitos, costumes e as raízes, não seria possível sem a existência de associações, agremiações e outras entidades representativas da comunidade lusitana, seja por intermédio de festas, como as Casa de Portugal ou da minha querida Associação Portuguesa de Desportos, para citar só duas, ou eventos culturais e tradicionais, como tenho notícias, em várias regiões do Estado.

Assim, acredito que o Conselho da Comunidade Luso – Brasileira do Estado de São Paulo tem papel importantíssimo na preservação de nossa cultura, tradições, costumes e história, e deve manter viva a chama dos nobres e bravos portugueses, que para cá vieram fazer história.
Salve o povo Luso – Brasileiro!

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Somos privilegiados pela herança lusitana e também por podermos contar com o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que é o órgão que congrega nossa cultura viva em solo paulista. Pelo Conselho a história não se perde, porque uma das diretrizes da entidade é preservar e valorizar nossos usos e costumes que mantêm a tradição de nossa gente sempre presente nos festivais, no folclore, na música e na gastronomia. A ação do Conselho é defender um legado histórico e cultural inestimável.

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