Professor livre docente da Universidade de São Paulo. Possui graduação em História pela USP, mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação pela USP. Possui vários livros publicados na área de turismo cultural e muitos artigos na grande imprensa paulistana.
– Vó, do que é feito a alheira?
De tudo o que é gostoso, como, por exemplo, ser neto de portugueses. Assim foram os primeiros anos da minha vida, criado pelos meus avós portugueses. Foi com eles que aprendi que não se deve gastar o que não se tem, que temos de ser previdentes, pensar no futuro e, principalmente, trabalhar. Trabalhar muito, pois a vida só tem uma pequena generosidade com aqueles que se esforçam.
Acabando o tempo das brincadeiras, era hora de estudo. Tornou-se mocinho, nada de moleza: é trabalhar e ver quanto custa a vida. Trabalhar e estudar, aquela velha ideia de superar a atual condição. Os anos se passaram, meus avós faleceram, mas deixaram descendentes. Ficaram os princípios daqueles imigrantes honestos, que trabalharam a vida toda e sempre valorizaram o que há de melhor no jeito de ser português. É essa a importância da comunidade portuguesa: preservar as melhores tradições e o éthos português.
Ainda sinto isso nas reuniões dos descendentes na comunidade. Lá na Vila Maria, onde se apresenta o grupo “Raízes de Portugal”, descendentes de Póvoa do Varzim. Frequento sempre que posso, embora meus avós tenham nascido no pequeno povoado de Póvoa do Bispo, próximo de Cantanhede.
Nesse contexto, ganha excepcional realce o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo por congregar o espírito português, através da sua cultura e do jeito que se traduz na facilidade em se relacionar com as diferentes culturas, nos cinco continentes, em especial no Brasil.