“Todo homem tem deveres com a comunidade”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Opinião
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Meu nome é Ildefonso Octávio Severino Garcia e atualmente exerço a presidência da diretoria do Centro Cultural 25 de Abril, organização luso brasileira que preserva os ideais da gloriosa Revolução dos Cravos que, em 25 de abril de 1974, restaurou a liberdade e a democracia em Portugal.
Nasci em 6 de agosto de 1942 na Parede, freguesia de São Domingos de Racha, do distrito de Cascais. Cursei o secundário em Lisboa, no Liceu Gil Vicente e na escola “O Acadêmico”.
Em 1957 comecei a trabalhar como aprendiz de desenhador num atelier de arquitetura em Lisboa. Trabalhei, depois, em Mafra, num escritório de aprovação de plantas de edificações junto à Câmara Municipal. Voltei a Lisboa e continuei em atelier de arquitetura, esse ligado à Shell.
Ao mesmo tempo em que estudava, participava do Centro de Estudos de Astronáutica da Mocidade Portuguesa, no qual participei de um grupo de trabalho e desenvolvi o projeto do primeiro foguete português, lançado com sucesso em 1960, utilizando combustível sólido.
Engajei-me na campanha do gen. Delgado à presidência da Republica em Portugal e atuei junto à juventude do Partido Comunista Português na luta contra o fascismo e pela implantação da democracia em Portugal.
Indignado com os resultados eleitorais e seguindo a orientação política para que os jovens se recusassem a ir combater os povos das chamadas “Províncias Ultramarinas”, resolvi emigrar para o Brasil, para juntar-me às forças políticas emigradas na luta contra a ditadura no meu país.
Assim, com 18 anos, emigrei para o Brasil em dezembro de 1961, sozinho e com 100 dólares no bolso e sem nenhum parente ou amigo .
Optei por residir e trabalhar em S. Paulo, pois era a cidade onde a oposição portuguesa exilada ao regime Salazarista tinha sua maior presença.
Apresentei-me junto ao jornal “Portugal Democrático”, que era, digamos, o órgão oficial e porta-voz da oposição emigrada. Batalhei diversos anos no jornal “Portugal Democrático” como voluntário e colaborador até a sua extinção em 1975, após a Revolução dos Cravos.
Em 1962, fui representante do movimento estudantil português no 25º. Congresso da UNE ( União Nacional dos Estudantes do Brasil), quando foi eleito seu presidente o gov. José Serra. No final de 1962 voltei a Portugal, regressando ao Brasil em 1963.
Indignado com a instauração da ditadura militar no Brasil em 1964 optei por participar da luta política pela restauração da democracia no Brasil e entre outras atividades fui um dos fundadores e colaborador do “O COMBATE”, primeiro jornal clandestino publicado no Brasil após a instalação dos militares no poder.
Após a queda da ditadura militar em 1985 direcionei-me, para o trabalho junto à comunidade emigrada portuguesa, executando trabalho associativo.
Em 1996 foi criado pela Lei nº 48/96, de 4 de Setembro o Conselho da Comunidades Portuguesas – CCP.
Concorri e fui eleito pelos emigrantes portugueses conselheiro das Comunidades Portuguesas – Secção Brasil subordinado à secretaria de Estado das Comunidades, órgão de governo do Estado Português; exerci a função de Conselheiro e no Conselho fui eleito pelos conselheiros para a vice – presidência e mais tarde assumi a presidência da seção Brasil do Conselho das Comunidades Portuguesas CCP.
Em 2009 e 2011 fui candidato a deputado pela emigração fora da Europa à Assembléia da Republica Portuguesa indicado pelo CDU ( Coligação Democrática Unitária).
Também sou responsável pelo núcleo de membros do PCP radicados no Brasil e presidente da diretoria do centro Cultural 25 de Abril em São Paulo.
Reiniciei os estudos em 1969 concluindo, em 1973, o curso de Engenharia de Operações pela Universidade Mackenzie. Concluí o Curso de Engenharia Civil pela Universidade de São Francisco e os cursos de pós- graduação de Engenharia de Segurança pela faculdade Oswaldo Cruz, e os de portos rios e canais e de instalações aeroportuários pela Faculdade de Engenharia de Mogi das Cruzes.
Em 1979, ingressei no curso de mestrado em grandes estruturas na USP – Universidade de São Paulo, onde também me especializei em laboratório de solos, estruturas em túnel e estruturas enterradas.
Iniciei minha vida profissional no Brasil na empresa Severo e Villares, trabalhei 9 anos na empresa de engenharia Hidroservice, em que participei de diversos projetos, tais como o aeroporto internacional do Galeão (atual Tom Jobim) no Rio de Janeiro; Eclusa na barragem de Itaipu; porto fluvial em Corumbá (MT); Projeto de coleta e tratamento do esgoto da Cidade de S. Paulo e região metropolitana, entre outras obras. Fui convidado a trabalhar na empresa finlandesa Jaakko Poyry engenharia, tendo participado de diversas obras de industrias papeleiras . Após me desligar dessa empresa, fui convidado a coordenar obra ferroviária, reformando 640 Km de linhas férreas da Fepasa, no trecho da ferrovia que liga Matão a Santa Fé do Sul, junto ao rio Paraná. Montei, depois, empresa de construção civil a qual presido até aos dias de hoje. Atuo em obras públicas e privadas e também executo serviços de consultoria em cálculos estruturais e laudos técnicos e periciais.

Ildefonso Octávio Severino Garcia
Presidente do Centro Cultural 25 de Abril

As relações entre Portugal e o Brasil devem ser mais intensificadas e mais bem trabalhadas, e um dos caminhos seria o de se estabelecer um mercado comum com a isenção de impostos de circulação das mercadorias dos dois países, o que poderia ser estendida aos povos africanos de língua portuguesa e a Timor Leste.

Portugal tem um contingente muito grande de técnicos e cientistas de alto nível, que poderiam ser muito bem recebidos no Brasil, caso não ocorressem restrições no campo da emigração.

Estamos falando de um mercado hoje de 233 milhões de consumidores que falam o mesmo idioma e com uma forte presença na agropecuária, talvez a de maior produção do planeta, além disso com forte poder de penetração nos mercados americanos, africanos e asiáticos.

Por outro lado, cabe ao governo português privilegiar a entrada de investimentos dos emigrantes em Portugal e isentá-los de impostos na aquisição de bens imobiliários.
Como o Brasil e Portugal têm um berço comum, a criação de turismo histórico seria também uma maneira prática de ajudar Portugal a sair do atoleiro.

Idéias não faltam: o que é necessário é termos governos competentes que tornem desnecessária a emigração de cidadãos portugueses para países que nada têm a ver com a nossa cultura.

O Conselho da Comunidade Luso- Brasileira do Estado de São Paulo tem conduzido uma política muito acertada em sua atuação nos últimos anos pois, além de manter os vínculos de portucalidade com a sociedade e personalidades brasileiras, tem conseguido desenvolver um papel agregador junto às associações luso-brasileiras, atuando de uma forma unitária e procurando alcançar objetivos comuns.

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Somos privilegiados pela herança lusitana e também por podermos contar com o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que é o órgão que congrega nossa cultura viva em solo paulista. Pelo Conselho a história não se perde, porque uma das diretrizes da entidade é preservar e valorizar nossos usos e costumes que mantêm a tradição de nossa gente sempre presente nos festivais, no folclore, na música e na gastronomia. A ação do Conselho é defender um legado histórico e cultural inestimável.

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