“Todo homem tem deveres com a comunidade”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Opinião
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Jerônimo Augusto Gomes Alves – português de nascimento e brasileiro de coração – completara, em 16 de fevereiro último,71 anos. Uma vida de aguerridas lutas e de valorosas conquistas, numa longa trajetória de obstinação incessante e de inequívoco e merecido sucesso.

Gomes – como é mais conhecido e gosta de ser chamado – nasceu em Paços, no norte de Portugal, e desde menino tinha os olhos que já miravam longe, muito além da província de Trás-os-Montes. Aos 11 anos, chegava à capital portuguesa, Lisboa, iniciando uma vida de muito trabalho no ramo da restauração – do qual jamais se afastou. Em 1961, partiu para o Brasil, em uma fascinante trajetória de vida – marcada pelo esforço inquebrantável e pelo trabalho incansável – que lhe proporcionou fama e reconhecimento.

Uma de suas frases favoritas refere-se à estimada nação de acolhimento: o Brasil. “Este é o meu país maravilhoso”. A afirmativa não se refere apenas às belezas naturais brasileiras, mas ao fato de se tratar da verdadeira “terra prometida”, na qual Gomes pôde realizar todos os seus sonhos, casar-se com sua amada Madalena, constituir uma família, com o nascimento dos filhos Cláudia, Andrea e Marcos César, construir um lar, exercer seu ofício, edificar uma carreira vitoriosa e dedicar-se à comunidade luso-brasileira.

Trata-se, por força de seu trabalho incessante em prol dos laços históricos e culturais que unem Brasil e Portugal, de uma das figuras mais reconhecidas da comunidade luso-brasileira. Suas características de aglutinador social acabaram por promover, naturalmente, vitoriosa aproximação da comunidade, tanto de outras colônias quanto de instituições públicas e privadas, conhecido que é pelo desprendimento e solidariedade com todos que por sua trajetória passaram. Milita, desde os anos 1960, em diversas entidades da comunidade, como a Associação Portuguesa de Desportos, a Casa de Portugal, o Centro Trasmontano e o Conselho da Comunidade. Muitos são seus amigos na comunidade, como Arnaldo Faria de Sá, Joaquim Justo dos Santos, Antônio de Almeida e Silva, Antônio dos Ramos, Fernando Miguel, Antonio Dias Felipe, Fernando Esquerdo – apenas para citar alguns nomes notórios.

Fundou, em 1969, o restaurante “Alfama dos Marinheiros”, localizado nos Jardins e frequentado por artistas, políticos e personalidades, no qual revelou as suas indiscutíveis habilidades empresarias, dedicando-se primordialmente à arte da gastronomia portuguesa. Um verdadeiro alquimista da cozinha, criador de receitas incomparáveis, apresentadas semanalmente na TV Gazeta, como o Misto de Peixe à Moda do Comandante, o Camarão à Moda do Jerônimo, o Bacalhau à Vila Real, a Sinfonia do Mar – entre tantas outras irresistíveis iguarias. Por seus irretorquíveis méritos, foi condecorado, na cidade do Porto, em Portugal, com a prestigiosa comenda da “Ordem do Mérito da Hotelaria e Alimentação Portuguesa”.

Dotado das melhores características de um líder, galgou o reconhecimento da categoria econômica referenciada, tendo sido eleito como dirigente destacado do Sindicato de Hotéis, Restaurante, Bares e Similares de São Paulo. A militância sindical conduziu-o à representação dos interesses do empresariado e ao exercício da judicatura, como magistrado classista do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região. Presidiu, no período referido, a Associação dos Juízes Classistas da Justiça do Trabalho, com militância permanente junto ao Congresso Nacional, em Brasília. Por sua respeitável conduta e ilibada reputação, foi agraciado pelo Tribunal Superior do Trabalho com a formal admissão na “Ordem do Mérito Trabalhista”, uma das maiores honrarias do Poder Judiciário brasileiro.

Inspirado por Fernando Pessoa, materializa, de modo sublime, em cada ato seu, em cada gesto, os mandamentos de um homem emérito: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes”.

No ano de 1993, como reconhecimento pelas suas indiscutíveis qualidades pessoais e por sua autêntica vocação de servir, foi agraciado pela Câmara Municipal de São Paulo, por unanimidade de votos, com o título de “Cidadão Paulistano”.

Uma pessoa sempre disposta a prestar inúmeros favores e a ajudar os mais pobres e necessitados. Nas palavras de seu filho Marcos César: “Nunca conheci um homem tão generoso e desprendido. Jamais uma pessoa carente que tenha se aproximado humildemente da porta do seu restaurante deixou de receber um prato de comida. Sempre me ensinou a acudir e a amparar os desprovidos. É daqueles homens que, literalmente, entregam a camisa que estão usando para vestir um desapossado”.

Jerônimo Augusto Gomes Alves
Restauranter

Acompanho atentamente a Comunidade Luso-Brasileira de São Paulo, desde que desembarquei no Brasil, nos idos de 1969. Militando, sempre de modo abnegado, em entidades como Associação Portuguesa de Desportos, Centro Trasmontano de São Paulo, Casa de Portugal, Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo, Sindicato da Indústria da Panificação de São Paulo, pude testemunhar o trabalho solidário e altruístico de centenas de patrícios em busca da verdadeira união de ideais e de esforços para a promoção dos valores históricos e culturais que unem Brasil e Portugal. Construí grandes amizades no movimento associativo.

Homens e mulheres de valor inigualável, que se esforçaram, com extremo êxito, para conservar os laços luso-brasileiros.
O nosso Conselho, liderado por figuras de expressão como o Com. Valentim Diniz, Com. Nestor Pereira, Com. Joaquim Justo dos Santos, Com. Antonio dos Ramos e, mais recentemente, pelo estimado Dr. Antônio de Almeida e Silva, neste sentido, sempre honrou sua relevante missão enquanto entidade máxima de representação e convergência do pensamento e da tradição que irmana Brasil e Portugal.

De minha parte, sempre lutei e sempre lutarei para divulgar e enaltecer os ideais luso-brasileiros pois, como ensina o nosso Poeta Maior: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

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Somos privilegiados pela herança lusitana e também por podermos contar com o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que é o órgão que congrega nossa cultura viva em solo paulista. Pelo Conselho a história não se perde, porque uma das diretrizes da entidade é preservar e valorizar nossos usos e costumes que mantêm a tradição de nossa gente sempre presente nos festivais, no folclore, na música e na gastronomia. A ação do Conselho é defender um legado histórico e cultural inestimável.

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