“Todo homem tem deveres com a comunidade”

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Opinião
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Mineiro de Ituiutaba, onde nasceu em 1939, cineasta, escritor, ativista cultural e político, pensador, João Batista de Andrade foi secretário de Cultura do Estado de São Paulo e atualmente é presidente da Fundação Memorial da América Latina.
Hoje, o currículo de João Batista de Andrade apresenta cerca de 50 trabalhos como diretor, roteirista, produtor e ator – todos eles com viés político-social que é a característica de sua obra – entre os quais destacam-se Liberdade de Imprensa (1967), O Homem que Virou Suco (1981), Wilsinho Galileia (1978), O Tronco (1998), O País dos Tenentes (1978), Doramundo (1978) e o mais recente, Vlado, 30 Anos Depois, sobre seu amigo Vladimir Herzog, morto numa prisão militar em 1975. Agora prepara seu 18º longa, Vila dos Confins, baseado no romance de Mário Palmério.

João Batista de Andrade
Cineasta e presidente do Memorial da América Latina

Meus amigos portugueses

Tenho muitos amigos na comunidade luso-brasileira. Tanto pela minha trajetória de cineasta, depois secretário da Cultura do Estado de São Paulo e, agora, como presidente da Fundação Memorial da América Latina. A primeira lembrança de um contato mais próximo foi mesmo pelo caminho do cinema, quando, em 1990, participei, com a Raiz, da produção do filme Solo de Violino, de Monique Rutler, Gonçalves Preto e Cesario Borja, da produtora Cinequanon.

Em Portugal, exibi vários dos meus filmes e fui presidente do júri do Festival Serra da Estrela. Esse festival acabou inspirando a criação do FICA, o Festival de Cinema e Vídeo Ambiental que instalei na Cidade de Goiás. Também fui testemunha de um certo momento da revolução dos Cravos.

Eu estava em Lisboa e guardo até hoje as imagens que fiz dos muros da cidade, registros singulares de momentos importantes da história recente de Portugal. Poderia citar os nomes de muitos amigos que cultivei na comunidade luso-brasileira, mas vou homenageá-los a todos na figura do jornalista Miguel Urbano Rodrigues. Aqui no Brasil, Miguel Urbano foi editorialista do jornal O Estado de S. Paulo e, em Portugal, dirigente do PCP.

Como descendente das mesmas raízes ibéricas dos sobrenomes de meus ancestrais, Moraes e Andrade, estou honrado pelo convite para participar da galeria do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, entidade que tem desenvolvido um trabalho tão produtivo quanto dignificante para preservar e difundir os laços de fraternidade e integração cultural entre os dois países.

Quero aproveitar a oportunidade e convidar toda a comunidade luso-brasileira para visitar o Memorial da América Latina e usufruir das atrações que esse maravilhoso complexo arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer oferece aos visitantes. A colônia sempre foi bem-vinda e o Conselho da Comunidade sempre terá acesso privilegiado para iniciativas lusófonas, como tantas que aqui já foram realizadas.

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Somos privilegiados pela herança lusitana e também por podermos contar com o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que é o órgão que congrega nossa cultura viva em solo paulista. Pelo Conselho a história não se perde, porque uma das diretrizes da entidade é preservar e valorizar nossos usos e costumes que mantêm a tradição de nossa gente sempre presente nos festivais, no folclore, na música e na gastronomia. A ação do Conselho é defender um legado histórico e cultural inestimável.

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