Paulistana, empresária atuando no ramo do turismo rural brasileiro, sócia proprietária da Operadora de Turismo Brasil Rural, Andréia Maria Roque é engenheira Agrônoma formada pela Universidade Federal de Minas Gerais. É Mestre em Desenvolvimento Regional e já atuou na Estação Agronômica Nacional de Oeiras, Portugal. Especialista Interamericana de Turismo Rural em parceria com o IICA Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Atualmente preside o Instituto Interamericano do Turismo Rural www.idestur.org.br
Portugal mais do que a porta da Europa para muito de nós, brasileiros, é um berço de relações, saudades e bem querer de nossos antepassados, que quando aqui chegaram trouxeram na bagagem vontade, esforços e lembranças. Eu, filha de uma família das terras de Amarante por parte de mãe e das terras de Soure ,por parte de pai, passei minha infância ouvindo e imaginando contos sobre a Casa Da Calçada, onde vovó Adelaide uma linda jovem e bem educada portuguesa, podia ao mesmo tempo aprender francês e bordados, bem como, fugir para ver os cavalos e as vinhas como ato de liberdade. Ou mesmo lembrar daquela pequena Vila de Cercal, às margens de Fátima, que meu querido e amado vô José trabalhava com batatas; mas aos fins de semana dava suas escapadelas para Coimbra.
Pois bem, estes meus antepassados, foram alguns dos muitos Portugueses que alçaram novos vôos, e se estabeleceram em novas terras do Brasil, motivados por esperanças, tristezas ou mesmo por acaso dos acontecimentos. Aqui, duas tão diferentes famílias de nobres e agricultores se estabeleceram, construíram novas vidas e de uma forma mais que inesperada se reuniram quando papai e mamãe, já jovens paulistanos, nascidos em São Paulo, capital, se encontraram na escola nos meados dos anos 60 e casam, transpondo barreiras de origem, tradição ou mesmo berço social. Afinal este é um novo mundo, um novo Brasil, porém construído em cima de vidas e de passados originários do outro lado do mundo, em Portugal.
Eu, engenheira agrônoma, jovem com vinte e dois anos, como minha vó Adelaide, gostava de cavalos e vinhas e assim voltei a Portugal para estudar na Tapada da Ajuda em Lisboa e na Estação Agronômica Nacional de Oeiras e desde então indas e vindas para estudos, palestras, visitas a amigos construíram uma relação de amizade cheio de saudosismo daquela época, de pequena, ouvindo meus avôs.
Hoje tenho acordos comercias com parceiros operadores de Ponte de Lima, ofereço pacotes de Portugal rurais cheio de vinhos, cavalos e ruralidade. Vivo atualmente entre indas e vindas, para completar o doutoramento na Universidade de Aveiro bela região de Portugal, berço da democracia e de José Estevão de Magalhães,um democrata de nascimento e crença que muito me identifiquei, e apaixonei.
Sou a prova viva de como lugares, pessoas, tradições e povos mesmos distantes por horas, mares e gerações podem manter laços de bem querer, trabalhos e porque não de relacionamentos empresariais afins, tão importantes em épocas de crises financeiras e políticas que enfrentamos no mundo.
Despeço-me assim, sem antes ressaltar a importância do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo que fortalece o relacionamento entre dois paises e seus povos quanto à identidade, negócios e desenvolvimento. É com enorme prazer que lembro-me do ontem, vivo este hoje, esperando que amanhã muitos de nós possamos trocar informações e construir novas parcerias. Um abraço.