Regina Helena de Paiva Ramos é formada pela 4a turma da Faculdade de Jornalismo “Cásper Líbero”.
Jornalista profissional na ativa desde 1953.
Começou a vida profissional no jornal “O Tempo” em 1953. Passou para “A Gazeta” em 1954. Trabalhou nas revistas “Casa e Jardim”. “Manchete”, “Fatos e Fotos”, “Jóia” e nas revistas técnicas “Construção em São Paulo” e “Construção no Rio de Janeiro”. Atuou ainda nos jornais “Folha da Tarde”, “Diário Popular”, “Correio da Manhã” (sucursal em São Paulo). Foi editora do jornal “O São Paulo”, da Cúria Metropolitana de São Paulo na década de 70, trabalhando com D. Paulo Evaristo Arns. Trabalhou nas tevês Excelsior e Bandeirantes. Nesta última ficou dez anos. Aposentou-se como editora de “País” da Revista Visão, onde ficou onze anos. Atualmente colabora na revista “Problemas Brasileiros”, da Associação Comercial do Estado de São Paulo,
Autora dos livros de contos “Isso é Definitivo?” (Melhoramentos 1979); “Como viver só” (Melhoramentos, 1981); “Culinária Paulista” (Melhoramentos, 1996 – 4 edições); “Culinária Mineira” (Melhoramentos, 1996) ; “As Duas Noras” (Musa Editora – 2000); “Mata Atlântica. Vinte Razões para Amá-la” (Musa Editora, 2005). “Cidadania Pede Passagem – A História das sociedades de amigos da Costa Sul de São Sebastião” (Callis Editora, 2004) “Mulheres Jornalistas – a Grande Invasão” (Imprensa Oficial, 2010)
Em 1956, com o artigo “Camões, esse desconhecido”, publicado em A Gazeta, recebeu o “Prêmio Infante dom Henrique”, instituído pela Casa de Portugal destinado ao melhor artigo sobre Camões publicado na imprensa brasileira.
Vencedora do concurso “Mulheres Entre Linhas” (1986) da Secretaria de Estado da Cultura.
Vencedora em 1989 do Prêmio Mercedes Benz de Imprensa com a reportagem “Respirar é Preciso”, (Revista Visão) considerada a melhor publicada na imprensa brasileira durante o ano, dentro do tema “O controle da poluição veicular como fator de proteção ambiental e de segurança”.
Nona colocada no Concurso Unibanco de Literatura (1978) Crítica de Antônio Houaiss para o livro “Isso é Definitivo?”: “Você é uma das contistas de primeira plana no Brasil de hoje”.
Autora da peça “E agora, o que eu faço com o pernil?” montada por Rosamaria Murtinho e Cláudio Cavalcanti de setembro de 2004 a dezembro de 2007. A peça conta a história de um casal idoso que briga constantemente. Ele morre na véspera do Domingo de Páscoa e ela acha que ele morreu para atrapalhar o almoço de Páscoa que ela estava providenciando. Ela até já tinha assado o pernil…
Sou muito suspeita para falar da importância das relações Brasil e Portugal. Como posso falar a sério disso se, na minha primeira viagem à Europa cai na choradeira quando a aeromoça informou que estávamos sobrevoando a fronteira entre Espanha e Portugal? Eu vinha de Madri e era meu primeiro encontro com a terra dos meus avós.
Sei lá o que senti! Encostei a testa na janelinha para ninguém ver as lágrimas correndo como cachoeira. Eu estava voltando. Meu sangue estava voltando! Raramente me emocionei tanto em toda a minha vida.
E aí tenho que falar do relacionamento Brasil e Portugal? Difícil. Mas tentarei.
Fomos colônia, falamos a mesma língua – o sotaque não interessa! – e temos uma relação de emoção e carinho com a terra de nossos maiores. Foi um português que nos deu a independência: D. Pedro I, com seus defeitos e suas qualidades, seus ímpetos e suas paixões, nasceu português e virou brasileiro. Foi aqui que amou, pintou e bordou e também governou. E proclamou a nossa independência, seja do jeito como conta a história oficial, seja do jeito como conta a história paralela. Não importa. Era português e resolveu fundar um outro país. Nascemos disso.
Uma relação entre os dois países, além de ser interessante para reforçar laços sentimentais e sociológicos claro que é boa também para a economia. Só que ainda pode melhorar. Os maravilhosos (e bota maravilhoso nisso!) vinhos do Douro, por exemplo, são desconhecidos no Brasil. Quanta coisa que Portugal tem e o Brasil desconhece. E quanta coisa que temos aqui e que vendemos a outros países e não vedemos a Portugal. Deveria ser muito mais fácil vender boi para Portugal do que para a Rússia. Não precisaríamos de intérprete.
É só um exemplo e como não entendo nada de economia posso até estar dizendo bobagem. Mas não faz sentido?
No que diz respeito à cultura, escritores portugueses são quase desconhecidos no Brasil. A fantástica Florbela Espanca – que conheço desde os meus 17 anos – ainda é quase anônima por aqui. Acho isso um absurdo! E quantos escritores brasileiros também não são conhecidos em Portugal? No que me diz respeito não tive essa honra. Adoraria ver um livro meu exposto numa livraria portuguesa e se isso acontecesse seria até capaz de pegar um avião e ir lá só para fotografar!
Acho que os laços entre os dois países têm que ser cada vez mais apertados. De minha parte, cultivo minhas raízes. Faço questão de conviver com a família de lá. E, recentemente, levei duas sobrinhas netas para conhecerem a família: não gostaria que esses laços se partissem quando eu não estiver mais aqui. Minhas sobrinhas darão continuidade a isso.
Gostaria muito que o relacionamento Brasil Portugal fosse cada vez mais estreito. Sei que ainda há muito por fazer e espero que seja feito. O Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Estado de São Paulo é importante por isso.
Antigamente havia uma entidade – a Tertúlia Acadêmica – à qual pertenciam meu pai e meus tios, que reunia portugueses e brasileiros que tinham estudado em Portugal. Foi a Tertúlia que trouxe ao Brasil, pela primeira vez, o Teatro Universitário de Coimbra e depois o Orfeon Acadêmico de Coimbra. Sucesso estrondoso! Fico feliz em saber que o Conselho da Comunidade Luso-Brasileira existe e trabalha pelo estreitamento das relações entre os dois países. A Tertúlia desapareceu, mas ‘outro valor mais alto se alevanta’.
Em tempo: meus avós nasceram em Folgoza da Maia, perto do Porto, onde ainda tenho família. Mas também tenho familiares em Famalicão, Mêsão Frio, Ovar, Carcavelos e Lisboa.